segunda-feira, 11 de março de 2013

Demonstração do Sistema Gestual Pictórico


Iniciamos, no ateliê, a primeira sessão do ano de exercício gestual, a partir da concepção pictórica, baseado no registro do movimento dos espaços, por meio do uso de linhas. Tem por intuito abrir a mente do aluno para outra possibilidade de construção mais intuitiva, que alia liberdade à precisão.
A escolha preferencial pelo recurso oferecido pela linha, em detrimento da massa, se deve à sua simplicidade e qualidade de concisão. Mas o que facilita de um lado, dificulta do outro, pela necessidade de resistir à tentação de desembocar no contorno externo das formas, as quais usualmente têm por função dar nome às partes (nariz, boca, olhos, etc).
Mas ao vencer esta dificuldade, abre-se espaço para outra possibilidade: de apreender e captar o movimento da imagem pela sensação. O mais difícil muitas vezes, no ateliê, é compreender que o gestual livre e solto não nasce da linha solta ou rápida (que pode coincidir com “cacoete”). Tampouco surge de qualquer tipo de cálculo, medição ou esquema prévio que “garante” ou antecipa o resultado, muitas vezes espontâneo mas mecânico.

Aceitar que as formas e proporções simplesmente acontecem e se configuram pelo cruzamento das asserções por sobreposição é compreender a que essência do gestual pictórico emerge da mente desprendida, comprometida com as incertezas do processo tornado imprevisível. Somente neste estado mais flexível  e aberto que a conexão com o que se faz ganha sentido. E o movimento passa, de fato, a ser  um campo extraordinário para a exploração sensível.





Este desenho tem a dificuldade extra de remeter à fisionomia do animal, o que leva tendencial e forçosamente à descrição das formas. O grande desafio, como em todo gestual, é conseguir manter-se no todo, tomar decisões em movimento, sem pensar. Quanto maior a negação do cálculo e do pensamento, maior o fluxo intuitivo.

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