sexta-feira, 22 de março de 2013

Por que a simplicidade é tão difícil?


André Comte-Sponvillle, no livro Pequeno Tratado das Grandes Virtudes, dá uma pista:
 
“A simplicidade é o esquecimento de si, de seu orgulho e de seu medo: é quietude contra inquietude, alegria contra preocupação, ligeireza contra seriedade, espontaneidade contra reflexão, amor contra amor-próprio, verdade contra pretensão... O eu subsiste nela, é claro, mas como que mais leve, purificado, libertado (‘desligado de si’, como diz Bobin, ‘desprendido de todo reino’). Faz muito tempo, até, que ele renunciou sua salvação, que já não se preocupa com sua perda. A religião é complicada demais para ele. A própria moral é complicada demais para ele. Para que essas perpétuas voltas sobre si mesmo? Nunca acabaríamos de nos avaliar, de nos julgar, de nos condenar... Nossas melhores ações são suspeitas. Nossos melhores sentimentos equívocos. O simples sabe disso e nem se importa. Ele não se interessa suficientemente para se julgar. (...) Ele não se leva a sério e nem a trágico. Segue seu pequeno caminho, de coração leve, alma em paz, sem objetivo, sem nostalgia, sem impaciência. O mundo é o seu reino, e lhe basta. O presente é sua eternidade, e o satisfaz. Nada tem a provar, pois não quer parecer nada. Nada tem a buscar, pois tudo está ali. Há coisa mais simples que a simplicidade? Há coisa mais leve? É a virtude dos sábios, e a sabedoria dos santos.”

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